STF

General Mario Fernandes confessa ser o autor de plano para matar Lula, Alckmin e Moraes; vídeo

Militar, e ex-secretário de Bolsonaro, afirmou ao STF que documento era apenas um “pensamento pessoal”, mas versão é contestada por provas reunidas pela Polícia Federal

O general da reserva Mario Fernandes, ex-secretário executivo da Secretaria-Geral da Presidência durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), declarou ao Supremo Tribunal Federal (STF) ser o autor do plano intitulado “Punhal Verde e Amarelo”. O conteúdo, que havia sido revelado em primeira mão pela CNN Brasil, descrevia estratégias para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do STF Alexandre de Moraes.

A confissão foi feita durante interrogatório prestado nesta quinta-feira (24) à Primeira Turma do STF, no âmbito da investigação sobre uma suposta trama golpista. No depoimento, Fernandes afirmou que o plano era apenas um “pensamento” pessoal que foi digitalizado, negando ter apresentado ou compartilhado o material com qualquer outra pessoa. “O arquivo nada mais retrata do que um pensamento meu que foi digitalizado, um compilar de dados, um estudo de situação meu”, declarou o militar.

Apesar da tentativa de amenizar o teor do plano, o conteúdo do documento, segundo a Polícia Federal (PF), detalha um esquema com utilização de fuzis, metralhadora, lança-granada e envenenamento para atacar as autoridades no dia 15 de dezembro de 2022, três dias após a diplomação do presidente eleito.

PF contesta versão do general com evidências do Planalto

As explicações de Mario Fernandes entram em contradição com informações reunidas pela Polícia Federal. O general confirmou ter impresso o documento, justificando a atitude como uma maneira de “evitar forçar a vista” ao lê-lo na tela. Segundo ele, os papéis foram rasgados em seguida. A PF, no entanto, identificou a impressão de três cópias do plano dentro do Palácio do Planalto.

As investigações revelam também que, aproximadamente 40 minutos após a impressão, Fernandes entrou no Palácio da Alvorada, onde estavam o ex-presidente Jair Bolsonaro e seu então ajudante de ordens, tenente-coronel Mauro Cid. Questionado sobre o encontro, o general alegou que se tratava de uma “coincidência”.

De acordo com a delação premiada de Mauro Cid, Mario Fernandes fazia parte do grupo mais radical entre os militares aliados ao ex-presidente e teria defendido abertamente uma intervenção militar para impedir a posse de Lula. A PF aponta ainda que Jair Bolsonaro tinha pleno conhecimento do plano “Punhal Verde e Amarelo”.

Fernandes responde como réu no núcleo 2 do inquérito que apura a tentativa de golpe. A confissão ocorre na última etapa da fase de investigação sobre esse grupo específico, formado majoritariamente por militares das Forças Especiais.

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Jair Bolsonaro e General Mário Fernandes – Foto: Eduardo Menezes/SECOM

Bolsonaro é investigado como líder da suposta conspiração

Na semana anterior ao interrogatório de Fernandes, Jair Bolsonaro foi alvo de mandados de busca e apreensão autorizados pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito. Os agentes da Polícia Federal cumpriram as ordens judiciais na residência do ex-presidente, no Jardim Botânico, em Brasília, e na sede nacional do Partido Liberal.

A operação também impôs restrições ao ex-presidente, como o uso obrigatório de tornozeleira eletrônica, a proibição de uso de redes sociais e o impedimento de contato com o filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP).

A Procuradoria-Geral da República (PGR) já solicitou a condenação de Bolsonaro e de outros sete investigados por tentativa de golpe de Estado. Segundo a PF, Bolsonaro “planejou, atuou e teve domínio de forma direta e efetiva” no desenvolvimento da trama. O órgão o classifica como o “líder” do grupo e afirma que o objetivo era abolir o Estado democrático de direito — o que, conforme o relatório da PF, não foi concluído por circunstâncias externas à vontade do ex-presidente.

Caso seja condenado, Bolsonaro poderá enfrentar penas que, somadas, ultrapassam 40 anos de prisão. Os crimes investigados envolvem organização criminosa, tentativa de abolição violenta do Estado democrático de direito, incitação ao crime e associação criminosa armada, entre outros.

Histórico de Mario Fernandes e conexões com o grupo

Preso em 19 de novembro de 2023 na Operação Contragolpe, Mario Fernandes é general da reserva e ex-número dois da Secretaria-Geral da Presidência no governo Bolsonaro. Antes de ocupar o cargo, comandou as Forças Especiais do Exército Brasileiro. Os integrantes dessa unidade de elite, conhecidos como “kids pretos”, teriam sido mobilizados no suposto plano golpista.

As investigações apontam que o grupo envolvido na elaboração do plano contava com militares treinados para ações de alta complexidade. O arsenal citado no documento incluía armamento pesado e substâncias químicas, e os alvos escolhidos seriam atacados por meio de envenenamento, conforme apuração da PF. O caso segue em tramitação no STF.

Veja o vídeo do depoimento abaixo:

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