Covid-19: Bolsonaro muda discurso e diz a apoiadores que pode tomar vacina
Antes o presidente afirmava veementemente que não tomaria a vacina. Bolsonaro inda teve o sigilo do cartão de vacina decretado em novembro de 2020

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) mudou o seu discurso e admitiu em conversa com apoiadores, em Brasília, na noite de hoje, que pode tomar a vacina contra a covid-19.
“Eu já tive o vírus vivo, então estou imunizado. Deixa outro tomar a vacina no meu lugar. Lá na frente, lá na frente, depois que todo mundo tomar… Se eu resolver tomar, porque no que depender de mim é voluntário, eu tomarei”, disse ele, em vídeo publicado por um canal bolsonarista no YouTube.
Bolsonaro já foi diagnosticado com a doença em julho do ano passado, mas cientistas ainda não sabem dizer por quanto tempo as pessoas ficam protegidas de se infectar novamente. Ou seja, o fato de ter se imunizado contra o vírus, como ele mesmo diz, não significa que não deva tomar a vacina.
Em dezembro, Bolsonaro chegou a dizer durante evento em Porto Seguro (BA) que não tomaria a vacina e criticou a obrigatoriedade da imunização: “Já tenho anticorpos. Pra que tomar a vacina de novo?”.
Na ocasião, ele também ironizou eventuais efeitos colaterais, dizendo que poderiam fazer “virar jacaré e Super-Homem” e “nascer barba em mulher ou algum homem começar a falar fino”. Por fim, ele acrescentou: “Não tenho nada a ver com isso”.
No mês passado, o diretor-presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) Antonio Barra Torresquis convidou o presidente para tomar o imunizante, durante participação de live semanal realizada nas redes sociais.
“Vai ter uma moeda de troca. Quero saber se o senhor está disposto… É a recíproca”. Bolsonaro então sorriu e disse: “sem contrapartida”, fazendo o sinal negativo com a cabeça.
Em novembro, o sigilo à carteira de vacinação de Bolsonaro foi decretado após pedido de acesso feito por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI) pela revista Época. A assessoria da presidência disse, na época, que o sigilo foi baixado porque os dados “dizem respeito à intimidade, à vida privada, à honra e à imagem” de Bolsonaro. A Justiça deu um prazo de 72 horas para que o Planalto explicasse o motivo do sigilo.