Delação

Bolsonaro cogitou prender Moraes e refazer eleições, revela delação de Mauro Cid

Ex-ajudante de ordens detalha plano de intervenção discutido em 2022 para prender ministros do stf e convocar novo pleito

Em delação premiada à Polícia Federal, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, revelou que o ex-presidente cogitou prender o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e refazer as eleições de 2022. Segundo Cid, o plano teria sido discutido em novembro de 2022 no Palácio da Alvorada com aliados e membros das Forças Armadas.

A proposta original incluía a prisão de diversos ministros do STF, incluindo Gilmar Mendes, além do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. No entanto, Bolsonaro teria revisado o plano e mantido apenas a ideia de prender Moraes e convocar novas eleições, sob a alegação de que houve fraude no pleito.

Militares rejeitaram proposta de intervenção

Segundo Cid, o ex-presidente buscou apoio dos comandantes militares para implementar a estratégia. O então comandante da Marinha, Almirante Almir Garnier, teria manifestado apoio à medida e indicado que a Marinha estava preparada para agir. Entretanto, os comandantes do Exército e da Aeronáutica foram contrários à proposta, o que levou Bolsonaro a desistir da ideia.

A delação também confirma que havia um documento formalizando a proposta de intervenção, que foi apresentado ao ex-presidente. As investigações apontam que Bolsonaro discutiu o plano com seus aliados mais próximos, mas o receio de resistência institucional e o posicionamento contrário de parte dos militares inviabilizaram a ação.

Investigação e denúncia da PGR

Essas revelações fazem parte das investigações em curso sobre uma possível tentativa de golpe de Estado após a derrota de Bolsonaro nas eleições de 2022. A Procuradoria-Geral da República (PGR) já apresentou denúncia contra o ex-presidente e outros 33 envolvidos, acusando-os de organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e tentativa de golpe.

O Ministro Alexandre de Moraes autorizou o levantamento do sigilo da delação de Mauro Cid, permitindo que o conteúdo das declarações fosse tornado público. A defesa de Bolsonaro nega qualquer tentativa de golpe e alega que a delação de Cid faz parte de uma perseguição política.

Com a divulgação dos depoimentos, cresce a pressão sobre o ex-presidente, que pode enfrentar novos processos judiciais e até uma eventual prisão preventiva. A investigação segue em andamento e novos desdobramentos são esperados nos próximos dias.

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