Trump se declara inocente das 37 acusações em caso dos documentos secretos da Casa Branca
É a 2ª vez que político se entrega à Justiça
O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump proclamou repetidamente sua inocência perante o tribunal federal de Miami nesta terça-feira (13/6). O político acusou o governo do presidente democrata Joe Biden de atacá-lo, chamando o procurador especial Jack Smith, que lidera a acusação, de “odiador de Trump”.
Smith acusa Trump de pôr em risco segredos nacionais ao levar milhares de documentos confidenciais com ele quando deixou a Casa Branca em janeiro de 2021, e armazená-los de maneira aleatória em sua propriedade em Mar-a-Lago, na Flórida, e em seu clube de golfe em Nova Jersey, de acordo com a acusação do grande júri divulgada na semana passada.
As fotos incluídas na acusação mostram caixas de documentos armazenadas no palco de um salão de baile, em um banheiro e espalhadas pelo chão de um depósito.
A acusação alega que Trump mentiu para funcionários do governo que tentaram recuperá-los. O indiciamento de um ex-presidente dos EUA por acusações federais não tem precedentes na história americana.
Histórico
Esta é a segunda vez que Trump, que é candidato à presidência novamente, se entrega à Justiça, mas a primeira em uma acusação a nível federal. Trump enfrenta 37 acusações relacionadas ao manuseio incorreto de documentos secretos, incluindo 31 acusações sob um estatuto da Lei de Espionagem referente à retenção intencional de informações de defesa nacional. As acusações também incluem obstrução da Justiça e declarações falsas, entre outros crimes.
Além de Trump, seu assessor Walt Nauta também é réu no caso e compareceu no tribunal. Trump foi fichado, mas não precisou ser fotografado ou algemado durante os procedimentos, o que seria padrão nestes casos de crimes federais. “O presidente Trump está em uma posição única, onde não precisa tirar uma foto de identificação. Obviamente, ele não apresenta risco de fuga. Ele é o principal candidato do Partido Republicano no momento”, disse uma de suas advogadas, Alina Habba, a repórteres do lado de fora do tribunal.
Os promotores alegam que Trump mostrou os documentos para pessoas que não tinham autorizações de segurança para revisá-los e depois tentou esconder os papeis de seus próprios advogados enquanto tentavam cumprir as exigências federais para encontrar e devolver os mesmo. As principais acusações acarretam penas de até 20 anos de prisão.
Esta foi uma aparição inicial no tribunal, uma fase em que os réus não costumam ser denunciados já que em tese ainda não conhece as acusações e não são representados por um advogado. Em vez disso, eles frequentemente entram com sua apelações em uma audiência em data posterior, quando já são representados por um advogado. Mas o caso de Trump é diferente já que ele foi ao tribunal dias depois de receber uma intimação. Ele já viu e conhece as acusações que enfrenta e as discutiu com sua equipe jurídica, que muda constantemente.
O caso deve esquentar, porém, nos próximos meses, quando se terá uma melhor percepção de quando um julgamento pode ocorrer – e qual pode ser a defesa de Trump. A aparição de hoje marca a primeira vez que um ex-presidente americano foi indiciado por crimes federais. (Agência Estado)