Armas

“Quando alguém invadir a tua casa, tu dá tiro de feijão nele”, ironiza Bolsonaro ao defender porte de arma

O presidente voltou a incentivar o armamento da população, ignorando questões urgentes como os números referentes à fome e ao desemprego no país

Em conversa com apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada nesta sexta-feira (01/10), o presidente Jair Bolsonaro (Sem partido) voltou a incentivar o porte de arma e, ironizando críticas, comparou as compras de feijão e fuzil. “Inclusive a esquerda fala que a gente não come arma, come feijão. Quando alguém invadir a tua casa, tu dá tiro de feijão nele”, disse. A declaração foi divulgada por uma página bolsonarista no Youtube.

O presidente afirmou ainda que a violência é menor em locais com mais armas distribuídas à população, mas não apresentou dados que comprovassem a informação. “Quanto mais arma, menos violência. O Lula acabou de dizer que ele vai desarmar o povo”.

No fim de agosto, Bolsonaro disse que todos deveriam ter um fuzil, e chamou de “idiota” quem defendia priorizar a compra de feijão. “Tem que todo mundo comprar fuzil, pô. Povo armado jamais será escravizado”, defendeu. “Eu sei que custa caro. Daí tem um idiota que diz ‘ah, tem que comprar feijão’. Cara, se não quer comprar fuzil, não enche o saco de quem quer comprar”, completou.

Desde antes da campanha presidencial, Bolsonaro já defendia armar a população. Em 2019, ele sancionou lei que ampliou a permissão de posse de arma a toda extensão de uma propriedade rural.

Como apontado pela Folha de São Paulo, as medidas de flexibilização adotas pelo presidente no que diz respeito ao acesso às armas fizeram com que o Brasil atingisse, em dezembro de 2020, a marca de 2.077.126 armas legais particulares, 1 para cada 100 brasileiros.

Os dados fazem parte do anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que compilou os números de registros de armas nos sistemas do Exército e da Polícia Federal.

No Sinarm, sistema de registro de armas da Polícia Federal, o número de armas registradas dobrou de 2017 a 2020. Eram 638 mil registros de armas ativos em 2017, número que cresceu para pouco mais de 1 milhão em 2019 e atingiu a marca de 1,2 milhão em 2020.

Já no que se refere ao feijão, atualmente o Brasil conta com 19 milhões de brasileiros em situação de fome, segundo dados de 2020 da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Penssan). Em comparação com 2018 (10,3 milhões), são 9 milhões de pessoas a mais nessa condição.

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