Política

PSDB e Podemos trabalham para anunciar fusão até o fim de abril; definição enfrenta entraves em Goiás e outros três estados

Um dos principais pontos de tensão está em Goiás

Prevista para ser oficializada até o fim deste mês, a fusão entre PSDB e Podemos tem nos presidentes das siglas, Marconi Perillo e Renata Abreu, respectivamente, seus maiores entusiastas, mas enfrenta entraves em pelo menos quatro estados. Os posicionamentos das legendas são conflitantes em Goiás, Pernambuco, Mato Grosso do Sul e Bahia.

Perillo afirma que a articulação está avançada e antecipa detalhes sobre como seria essa união. Inicialmente, os partidos adotariam o nome provisório de PSDB+Podemos.

A união com o Podemos também é a cartada final de Perillo para tentar evitar a saída do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, do partido. O gaúcho decidiu se filiar ao PSD, mas Perillo avalia que pode mantê-lo no PSDB caso consiga assegurar a sua candidatura à Presidência da República.

Interesses diversos

Os partidos precisarão, no entanto, desatar alguns nós. Um dos principais pontos de tensão está em Goiás, o atual presidente do Podemos no estado, o deputado federal Glaustin da Fokus, é aliado de primeira hora do governador Ronaldo Caiado (União), adversário de Perillo e que pretende lançar o vice, Daniel Vilela (MDB), como candidato à sucessão.

Já em Pernambuco o PSDB rompeu com a governadora Raquel Lyra, de quem o Podemos é aliado. Ex-tucana, Lyra viu seu antigo partido ser entregue a um adversário — o presidente da Assembleia Legislativa, Álvaro Porto, e se aproximar do prefeito de Recife, João Campos (PSB). Situação semelhante ocorre na Bahia, onde o Podemos está alinhado com o governador Jerônimo Rodrigues (PT), enquanto os tucanos fazem oposição.

Em Mato Grosso do Sul, a fusão agrada aos caciques do Podemos, como a senadora Soraya Thronicke, que teria sua candidatura à reeleição fortalecida. Em contrapartida, lideranças tucanas já falam em debandada. O cenário se torna ainda mais delicado diante da iminente saída do governador Eduardo Riedel do PSDB.

Segundo articuladores de ambos os partidos, a fusão seria apenas o primeiro passo. A expectativa é que, posteriormente, a nova legenda se una em federação com o Solidariedade. A experiência do PSDB com esse tipo de aliança, porém, não foi positiva: em março, o partido aprovou o fim da federação com o Cidadania, após insatisfações de ambos os lados durante as eleições de 2024.

Deixe uma resposta