PL desiste de recurso contra decisão do TRE-GO que livrou Caiado e Mabel da inelegibilidade
Após negociação com o próprio governador, o PL desistiu de apresentar recurso contra a elegibilidade de Caiado, decidida pelo TRE-GO

O Partido Liberal (PL) desistiu de entrar com recurso contra a decisão do Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE-GO) que afastou a inelegibilidade do governador Ronaldo Caiado (UB). A decisão foi tomada na noite de segunda-feira (14) e vem depois de reaproximação entre Caiado e o ex-presidente Jair Bolsonaro, presidente de honra do PL.
Caiado declarou que é a favor de anistia aos integrantes dos atos antidemocráticos, projeto que beneficia Bolsonaro. Após essa declaração, durante ato público em São Paulo pedindo o perdão antecipado aos golpistas, com a presença de Caiado, Bolsonaro citou o risco de inelegibilidade do governador goiano, indicando que discordava e que interviria na ação do PL de Goiás para estancar a ofensiva, como de fato ocorreu.
Conforme o advogado do PL, Leonardo Batista, declarou ao jornal O Popular, a desistência da ação foi articulada em acordo envolvendo o senador Wilder Moraes, presidente estadual do PL, o candidato a prefeito de Goiânia pelo partido, Fred Rodrigues, e do outro lado Caiado e o prefeito eleito, Sandro Mabel (UB), que derrotou Fred em 2024.
Desistência do PL no recurso tem foco em unir a direita, mas sem 2026
A “pacificação” teria a finalidade de unir a direita em Goiás. Mas essa união não tem garantias de ocorrer com foco em 2026, já que o PL tem reiterado que pretende lançar candidato próprio. Já Caiado trabalha pela eleição de Daniel Vilela (MDB), seu vice atual, para governador em 2026, quando ele deseja disputar a Presidência da República.
A decisão do PL, de desistir do recurso, teria sido informada ao governador pelo próprio Fred em negociação na noite de segunda. Até então, notícias e rumores seguiam no sentido inverso, de que o recurso contra a decisão do TRE-GO estava sendo preparado pelos advogados do candidato derrotado.
A ação que foi julgada pelo TRE-GO foi decorrente de denúncia do PL de que Caiado usou a estrutura do governo para favorecer Sandro Mabel e a candidata a vice dele, Coronel Cláudia Lira, na eleição de 2024. Em primeira instância, a juíza Maria Umbelina Zorzetti condenou os três à inelegibilidade por oito anos. Houve recurso.
No dia 8 de abril, por unanimidade, o Pleno do Tribunal divergiu da magistrada, considerando que as sanções foram desproporcionais. Ou seja, o TRE-GO considerou que houve prática de abuso de poder econômico (jantares no Palácio das Esmeraldas durante a campanha), mas afastou a inelegibilidade e definiu uma pena de multa de R$ 60 mil ao governador, R$ 40 mil a Mabel e R$ 5,3 mil a Cláudia.