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Fórum suprapartidário é lançado diante da ameaça à Democracia

O evento contou com a participação de Noam Chomsky e representantes de PSDB, PT, PCdoB, PDT, DEM, PSB, PR, Rede, Podemos, PSOL, PROS, Novo, PPS, PSD, Cidadania e PV

Criado pelo sociólogo Fernando Guimarães, líder da corrente tucana Esquerda pra Valer, foi lançado na noite desta segunda-feira (2) em São Paulo o Direitos Já! Fórum pela Democracia, reunindo no TUCA – PUC/SP personalidades de diferentes espectros políticos, e representantes de distintas classes e sindicatos, além de professores universitários, juristas e lideranças religiosas, como Dom Claudio Hummes, ex-arcebispo de São Paulo.

Para Guimarães, esse movimento responde à necessidade histórica da defesa de direitos básicos que estão sendo ameaçados: “As pessoas estão com o sentimento de impotência diante de direitos suprimidos. O que estamos dizendo é que estaremos unidos na defesa de todos os direitos; se um dia a imprensa está sendo ameaçada estamos todos, se é a pluralidade religiosa, estamos todos, se forem os trabalhadores, estamos todos. Este movimento nasce para dar resposta a qualquer ameaça ao Estado Democrático de Direito”.

Esse diagnóstico é compartilhado pelo governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B), “de fato há um conjunto de retrocessos agressões, violações a direitos, que ferem um processo de conquistas históricas. Na medida em que o regime democrático está sendo ameaçado por conta dessa hegemonia transitória da política brasileira se produz um movimento como esse”. Para o ‘pior governador do nordeste’, de acordo com Bolsonaro, o atual presidente da república tem se mantido fiel a um modelo extremista sectário, portanto agressivo, em relação a valores fundamentais a exemplo do pluralismo. “Eu imagino que infelizmente ele vê tudo e a todos como ameaças e por isso reage agressivamente. Nós não podemos nos intimidar e nem renunciar ao exercício do papel que nos cabe, de oposição nos termos da constituição e da lei, e com isso ajudar o Brasil”, afirmou Dino.

Marcio França (PSB), ex-governador de SP, destacou que é necessário ter um pensamento positivo para não perder a esperança no país: “a gente tem que pensar que essa intransigência não é a maioria no Brasil, senão a gente perde a esperança, todos nós a vida inteira lutamos para que não haja intransigências, que possamos discordar sem sermos inimigos. O movimento fala que quem ganha as eleições deve governar para todo mundo”.

Para Eduardo Jorge (PV), ex-candidato a presidente, há uma pauta negativa no evento, “muitos dos estão aqui porque não concordam com as imprudências recebidas diariamente de Brasília. É uma manifestação de oposição à orientação política, irresponsabilidade em relação à Amazônia, que tem chocado ao mundo todo. Mas também é há um lado positivo, são 16 partidos preocupados em aperfeiçoar e aprofundar a Democracia no Brasil”.

O ex-candidato a presidente pelo PDT, Ciro Gomes, afirmou que “as pessoas estão pagando com pertencimento para se proteger do medo”. Para o político, o grupo deve discutir de forma urgente nas próximas reuniões quais os erros cometidos que permitiram a chegada de Bolsonaro ao poder.

Presente no evento, o linguista, filósofo, sociólogo, cientista cognitivo, comentarista e ativista político norte-americano,Noam Chomsky, falou sobre o DoomsdayClock, um relógio simbólico que desde 1947 faz uma analogia onde a raça humana está a “minutos para a meia-noite”, e a meia-noite representa a destruição por uma guerra nuclear.Em 2019 o ponteiro marcou 23:58: “as instituições democráticas estão sob uma ameaça muito grande em todo o mundo e isso se passa inclusive no Brasil. Fala-se muito sobre a ocorrência de sintomas de fascismo pelo mundo, em todos os casos analisados sempre falta um sintoma, que é central, a submissão de tudo ao domínio único de alguém. O mundo é praticamente o contrário, governantes subordinados às empresas. Quando o presidente dos EUA deu uma ordem de que todas as empresas norte-americanas deveriam deixar a China, ele institui o elemento que faltava. Temos evidência suficiente para entender que a ameaça dos dois minutos e são muitos os motivos para se unir para preservar com muito emprenho e dedicação”.

Falaram durante o evento o presidente da Comissão da Verdade, Mario Sérgio Garcia Duarte, Eduardo Suplicy (PT), Marta Suplicy (Sem Partido), Ricardo Carvalho (Presidente da Associação Brasileira de Imprensa), António Neto, presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros, Paulinho da Força (Solidariedade), Soninha Francine (Cidadania), José Luiz Penna (PV), Marina Silva (Rede Sustentabilidade), Sérgio Maranhão (PTB), José Nelto (Podemos), Marcelo Ramos (PL) e Monica Rosemberg (Novo)

O presidente do PSD, Gilberto Kassab, o senador Antônio Anastasia (PSDB), o ex-ministro Aldo Rebelo (Solidariedade), e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso gravaram vídeos para o evento.

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