Flávio Bolsonaro diz que ‘preço’ para desistir de candidatura é ‘Bolsonaro livre, nas urnas’
Pesquisa mostra que 8% acham que ex-presidente deveria apoiar o filho

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) disse, neste domingo (7/12), que o “preço” para desistir de sua candidatura à presidência da República em 2026 é “Bolsonaro livre” e “nas urnas”.
“Meu preço é justiça. E não é só justiça comigo; é justiça com quase 60 milhões de brasileiros que foram sequestrados, estão dentro de um cativeiro, nesse momento, junto com o presidente Jair Messias Bolsonaro. Então, óbvio que não tem volta. A minha pré-candidatura à Presidência da República é muito consciente”, afirmou em entrevista à TV Record.
“A única forma disso [desistir da candidatura à presidência] acontecer é se Bolsonaro estiver livre, nas urnas, caminhando com seus netos, filhos de Eduardo Bolsonaro, pelas ruas de todo o Brasil. Esse é meu preço”, continuou. Jair Bolsonaro, inelegível, cumpre pena após condenação de mais de 27 anos de prisão por liderar uma tentativa de golpe de Estado no País.
Mais cedo, Flávio já havia afirmadoe em suas redes que havia um “preço” para retirar a candidatura ao Planalto e que a anistia aos condenados pelos ataques de 8 de janeiro de 2023 fazia parte da negociação. “Tem uma possibilidade de eu não ir até o fim e eu tenho preço para isso. Eu vou negociar. Tem um preço para não ir até o fim”.
O líder do PT na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias (RJ), afirmou que a declaração de Flávio “escancara o método da chantagem”. “O Flávio Bolsonaro é uma piada. Ele se lançou candidato na sexta-feira e hoje já admite que pode desistir dizendo que “tem um preço” para isso. É blefe, é pastelão”, escreveu.
“O termo usado por ele, ‘eu tenho um preço’, escancara o método da família: a chantagem”, prosseguiu. “O irmão, Eduardo, já chantageou o País inteiro com ameaças de sanções ao ministro do STF (Alexandre de Moraes) e tarifas contra o Brasil, e o próprio Flávio repetiu o padrão da chantagem comparando o efeito disso aos ataques de bomba atômica a Hiroshima e Nagasaki. Agora tenta negociar anistia com o Centrão como condição para retirar a candidatura.”
Benção do pai
Na última sexta-feira (5/12), Flávio Bolsonaro anunciou que teria sido escolhido pelo pai, Jair Bolsonaro (PL), para ser o candidato do ex-presidente na disputa de 2026, uma vez que ele está preso por tentativa de golpe de Estado.
Dos quatro filhos de Jair Bolsonaro que estão na política, Flávio é o que ocupa o cargo mais alto no poder legislativo, sendo senador.
Seu irmão Eduardo (atualmente fora do país e sob risco de perder o mandato) é deputado federal, e Carlos e Jair Renan são vereadores nos municípios do Rio de Janeiro (RJ) e Balneário Camboriú (SC), respectivamente. Michelle, mulher do ex-presidente e filiada ao PL, é outro nome que recebe seu apoio a possíveis candidaturas.
Pesquisa
Apenas 8% dos eleitores consideram Flávio o nome ideal para ser lançado como candidato pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nas eleições de 2026, segundo pesquisa Datafolha divulgada neste sábado (6/12).
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), têm maior simpatia do eleitorado, com a preferência de 22% e 20% dos entrevistados, respectivamente.
Na pesquisa, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) também teve um desempenho melhor que o de Flávio, seu irmão, com apoio de 9% do entrevistados para concorrer no lugar do pai.
A pesquisa foi realizada antes do anúncio da candidatura. O Datafolha ouviu 2.002 pessoas de 2 a 4 de dezembro. O levantamento foi feito em 113 municípios com maiores de 16 anos. A margem de erro é de dois pontos para mais ou menos.
Outros nomes cotados no campo da direita foram testados na pesquisa. O governador do Paraná, Ratinho Jr. (PSD-PR), teve apoio de 8% dos entrevistados. O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil-GO), de 6%, e o governador de Minas, Romeu Zema (Novo-MG), de 4%.
Segundo turno
A pesquisa também mostrou que Flávio é o nome cotado da direita com pior desempenho em um eventual segundo turno contra Lula (PT). Caso disputasse a presidência contra o petista, o senador ficaria 15 pontos atrás dele. Flávio enfrenta 38% de reprovação do eleitorado.
Em um possível segundo turno, Flávio marcaria 36% dos votos, enquanto Lula teria 51%. Já Tarcísio teria 42% dos votos e Ratinho, 41%, contra 47% do petista nos dois cenários. (Agência Estado)





