Desigualdade de renda volta a crescer no Brasil em 2018, constata IBGE
O melhor resultado do Brasil, que tem um das piores desigualdades do mundo no ranking das 10 maiores, foi registrado em 2015, marcando 0,494.
A desigualdade volta a crescer no Brasil, com concentração de renda no grupo de 1% dos mais ricos. A lenta recuperação da economia e, consequentemente o elevado desemprego, tem sido o fator para ampliar o abismo entre pobres e abastados da sociedade. O índice já é considerado o maior da série histórica, iniciada em 2012.
Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e foram divulgados nesta quarta-feira (16) e teve como base a pesquisa Mensal por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua. No levantamento, o rendimento médio dos mais ricos do país, 1% da população, aumentou 8,4% em 2018, por outro lado, os mais pobres, 5%, tiveram queda de 3,2% da renda.
Em relação ao índice de Gini, cálculo de medição da concentração e desigualdade de renda, subiu para 0,509 – depois da estabilidade de dois anos, quando estava em 0,501. O coeficiente de Gini varia de zero a 1, o qual mais próximo de zero é melhor a distribuição de renda do país e mais próximo de 1, significa que a nação é mais desigual.
Por regiões, apenas o Nordeste não foi observado uma piora da desigualdade no ano passado, ficando o índice de Gini em 0,520, abaixo do 0,531 apurado em 2017. O IBGE constatou que a queda somente recuou devido à população com maior rendimento também teve perdas, mas mesmo assim se mantém com os piores índices de concentração de renda. As demais regiões: Norte (0,517), Sudeste (0,508), Centro-Oeste (0,486) e Sul (0,448).
A Fundação Getúlio Vargas divulgou, em agosto, um estudo que apontou que a desigualdade cresceu por 17 trimestres consecutivos. Os mais ricos do país, 1% da população que ganha em média R$ 27.744 por mês, ou 33,8 vezes mais os 50% dos mais pobres, que do total 5% tem rendimento médio de R$ 158 por mês.
Com o resultado de 2018, a renda da elite econômica do país, segundo o IBGE, corresponde a 33,8 vezes o rendimento dos 50% que integram a população de menor rendimento (R$ 820). É a maior distância já apurada pelo instituto. Em 2017, essa relação era de 31,2 vezes.
Outros 10% da população concentram 43,1% do volume de rendimentos no Brasil. O indicador que considera não apenas rendimento não apenas com trabalho, mostra crescimento de R264,9 bilhões em 2018, ante 277,7 bilhões, em 2017.
A participação do trabalho foi de 72,4% dos rendimentos, sendo seguido por outras fontes (27,6%), outros rendimentos (3,3%), aluguel e arrendamento (2,5%) e pensão alimentícia (1,2%).
Aposentadoria, pensão e Bolsa Família
A aposentadoria e pensão ganharam importância no rendimento mensal domiciliar, o aumento representou 20,5% em 2018, em foi de 19,9%.
Já o programa Bolsa Família apresentou queda com a quantidade de famílias reduzindo para 13,7% em 2018. Em 2012 era 15,9% e 2014, representava 14,9% dos beneficiários.
A pesquisa do IBGE constatou que dos brasileiros cadastrados no programa, 71,7% tinham abastecimento de água, 37,6% tinham tratamento de esgoto, 75,7% contavam com coleta de lixo e 99,3% contam com energia elétrica. Além disso, dentre os domicílios, 95,3% possuíam geladeira; 30,2% tem máquina de lavar, 95,2% televisão e 13,3% microcomputador.