Com promessa de receber até R$ 500 mil pela morte de advogados, executores planejavam reformar e até comprar imóveis, diz polícia sobre crime em Goiânia
Cinco pessoas estão presas suspeitas de envolvimento no assassinato dos advogados Marcus Aprígio Chaves e Frank Alessandro Carvalhaes, em um escritório de Goiânia.

Redação
Com a promessa de receber até R$ 500 mil pela morte de dois advogados em Goiânia, os suspeitos de serem os executores do crime faziam planos de reformar e até comprar imóveis, segundo informou a Polícia Civil nesta quarta-feira (18). A corporação apurou que, se não fossem presos depois dos homicídios, os suspeitos receberiam R$ 100 mil. Já se fossem encontrados e capturados pela polícia, o valor subiria para R$ 500 mil.
Os advogados Marcus Aprígio Chaves e Frank Alessandro Carvalhaes foram assassinados em 28 de outubro, dentro do próprio escritório de advocacia, em Goiânia. Câmeras de segurança registraram quando o atirador e o comparsa, Pedro Henrique Martins, deixam o local, segundo a polícia.
“Pedro Henrique já tinha comprado alguns materiais de construção e contratado um pedreiro para reformar a casa onde morava em Porto Nacional (TO). Já o Jaberson Gomes [morto durante confronto] estaria pesquisando casas na cidade para poder comprar”, disse o delegado Rhaniel Almeida.
O delegado informou que os suspeitos de cometer o crime foram presos antes do pagamento de todo o valor prometido. A polícia conseguiu apurar que eles haviam recebido cerca de R$ 9 mil para custeio de hospedagem e alimentação em Goiânia, durante o período em que planejaram e executaram o crime, pois moravam em Porto Nacional.
“No primeiro momento, o Pedro Henrique alegou que o crime se tratava de uma tentativa de roubo, ou seja, teria sido um latrocínio. A gente acredita que ele alegou isso até mesmo na expectativa de um dia receber todo o dinheiro prometido”, disso o delegado.
Prisão do suposto mandante e motivação do crime
A polícia prendeu na terça-feira (17) o suposto mandante do crime, o fazendeiro Nei Castelli, de 58 anos. O delegado informou que o fazendeiro morava em Correntina, na Bahia, e estava indo para o Paraná, quando foi preso em um posto de combustível na BR-050, em Catalão, no sudeste de Goiás. Com ele, a polícia encontrou R$ 34 mil em espécie.
O delegado informou que o fazendeiro não confessou o crime e disse que o dinheiro seria usado para compras. “A gente não consegue definir ainda se estava indo de forma eventual ou tinha descoberto que estava sendo monitorado”, afirmou o investigador.
Advogado de defesa de Nei, Carlos Humberto Filho disse que foi acionado pela família do cliente e que aguardava a liberação para acessar inquérito e poder traçar uma estratégia de defesa.
Ainda de acordo com a Polícia Civil, o motivo do crime seria disputa por terras em São Domingos, no nordeste de Goiás. Os advogados mortos trabalhavam em processos judiciais contra familiares do fazendeiro Nei Castelli.
“Uma ação milionária envolvendo terras do suspeito em que as vítimas advogavam contra familiares dele. Ainda não conseguimos apurar se este processo teria sido concluído, mas sabemos que os advogados haviam tido algum tipo de êxito”, disse Rhaniel Almeida.
Os cinco suspeitos de envolvimento na morte são:
Pedro Henrique Martins: suspeito de ter matado os advogados. Ele foi preso em Porto Nacional (TO), no último 30 de outubro;
Jaberson Gomes: suspeito de marcar horário com os advogados e acompanhar Pedro Henrique no dia do crime. Ele foi morto em confronto com a PM de Tocantins em 30 de outubro;
Hélica Ribeiro Gomes: namorada de Pedro Henrique, presa em 9 de novembro, Porto Nacional (TO). Suspeita de receber o dinheiro do mandante e passar para o namorado. Ainda é investigado se ela sabia do assassinato;
Crime e prisões
O crime aconteceu por volta das 14h30 de 28 de outubro. De acordo com a Polícia Civil, Pedro Henrique e Jaberson agendaram horário com os advogados. Ao chegarem ao escritório, no Setor Aeroporto, eles entraram e esperaram atendimento. Ainda conforme o relato, a secretária os levou até a sala dos advogados, momento em que Pedro Henrique atirou.
De acordo com Rhaniel, poucas horas após o crime, a dupla fugiu para Anápolis, onde embarcou em um ônibus com destino a Palmas, no Tocantins, mas desceu em Porto Nacional.
Documento obtido com exclusividade pela TV Anhanguera mostra detalhes da investigação. Um trecho da decisão que autorizou a Polícia Civil a realizar a prisão temporária de Cosme e Nei afirma que uma denúncia anônima relatou que Hélica Ribeiro Gomes já sabia que os advogados seriam mortos em Goiânia, o que ainda é apurado pela polícia.
Hélica é namorada de Pedro Henrique Martins, preso na casa dela em Porto Nacional (TO), no dia 30 de outubro, e considerado um dos maiores matadores de aluguel daquele estado. A mulher foi presa dias depois e, em depoimento, contou que as mortes foram encomendadas por Cosme Lompa Tavares, de 33 anos. Por esta razão, a polícia pediu a prisão de Cosme.
De acordo com os investigadores, o outro suspeito, Jaberson Gomes, morreu em confronto com a Polícia Militar do Tocantins, também em 30 de outubro. Segundo a polícia, Gomes foi a pessoa que ligou, agendou e monitorou a rotina dos advogados em Goiânia. De acordo com Rhaniel, poucas horas após o crime, a dupla fugiu para Anápolis, onde embarcou em um ônibus com destino a Palmas, no Tocantins, mas desceu em Porto Nacional.
G1 Goiás/TV Anhanguera Guilherme Rodrigues