Aécio Neves assume presidência nacional do PSDB
Evento em Brasília reúne aliados de diferentes frentes enquanto o partido tenta se reorganizar para 2026

O deputado federal Aécio Neves reassumiu, nesta quinta-feira (27), a presidência nacional do PSDB. O ato ocorreu oito anos após sua saída do comando da legenda, período marcado por acusações no caso JBS e pela queda de influência dentro do próprio partido. Aécio foi inocentado, retomou espaço e agora lidera a sigla em meio à pressão da cláusula de barreira e à reorganização interna para as eleições de 2026. As informações foram apresentadas durante o evento do PSDB em Brasília, que contou com lideranças tucanas e parlamentares de outras correntes políticas.
Aécio afirmou que negocia o posicionamento da sigla na disputa presidencial do próximo ano. Segundo ele, o PSDB avalia apoiar uma eventual candidatura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, desde que o nome não esteja restrito ao campo bolsonarista. “Se Tarcísio for apenas o candidato de Bolsonaro, não o apoiaremos”, declarou o deputado.
Disputa interna e presença bolsonarista no evento
A fala marcou um dos pontos centrais da cerimônia. Lideranças do PL, como Altineu Côrtes e Sóstenes Cavalcante, participaram do ato e ocuparam o palco ao lado de Aécio. Em discurso, Sóstenes disse que aprendeu a fazer oposição observando o PSDB nos embates com o PT. O comentário recebeu aplausos do novo presidente tucano.
A presença de parlamentares alinhados a Jair Bolsonaro provocou contraste com o vídeo institucional exibido ao final das falas. As imagens mostraram cenas de embates de Nikolas Ferreira e Eduardo Bolsonaro com integrantes do PT, acompanhadas de um texto narrado que mencionava o desgaste da polarização política no país. O conteúdo não gerou reações públicas dos presentes.
PSDB tenta recompor espaço após saída de governadores
A volta de Aécio ocorre enquanto o PSDB enfrenta desafios estruturais. A cláusula de barreira, aprovada em 2017, exige que a sigla tenha ao menos 13 deputados federais eleitos ou alcance 2,5% dos votos válidos distribuídos em nove estados. Hoje, o partido possui exatamente 13 parlamentares, mas distribuídos em oito unidades da federação. Para manter acesso ao fundo partidário e ao tempo de TV, o PSDB precisa reeleger toda a bancada e ampliar sua presença eleitoral.
Nos últimos anos, o partido perdeu todos os governadores eleitos em 2022. Raquel Lyra e Eduardo Leite migraram para o PSD, enquanto Eduardo Riedel filiou-se ao PP. A fusão com o Podemos, divulgada como saída para garantir o cumprimento da cláusula, foi suspensa por falta de acordo interno. O Podemos, com 15 deputados, também enfrenta exigências similares para 2026.
Aécio afirmou que pretende recolocar o PSDB “no tabuleiro político” e anunciou a meta de eleger 30 deputados federais. Ele disse que foi “injustiçado” pela Lava-Jato e que o partido seguirá oposição às gestões petistas, sem aderir a extremos.
Ciro Gomes volta ao partido como aposta regional
Com a saída de nomes tradicionais, como João Doria, Geraldo Alckmin, Aloysio Nunes e Eduardo Leite, o PSDB busca novos quadros. A sigla filiou Ciro Gomes há um mês, após sua ruptura com o PDT. O ex-ministro atua como alternativa para a disputa pelo governo do Ceará em 2026. A presença do deputado federal André Fernandes, do PL, entre os convidados, reforçou a amplitude dos grupos que acompanharam a posse de Aécio.
No evento, o presidente da Câmara, Hugo Motta, afirmou que o fortalecimento do PSDB contribui para o “debate saudável” no Congresso. A fala ocorreu antes do vídeo institucional que destacava o desgaste da polarização.
Aécio encerrou o discurso destacando que seguirá debatendo o futuro da sigla e que as conversas sobre a eleição presidencial continuam. O deputado disse que todo movimento do PSDB dependerá dos próximos passos de Tarcísio de Freitas, caso o governador paulista decida entrar na disputa do ano que vem.





