Quarta maior produtora do país e 35 anos de operação: conheça mina de ouro de Goiás vendida por mais de US$ 75 milhões
Operação da MSG compreende três minas subterrâneas, uma mina a céu aberto e uma planta metalúrgica. Em 2024, a mina foi a quarta maior produtora de ouro do Brasil, respondendo por 4,26% da produção nacional.

A Mineração Serra Grande (MSG), localizada em Crixás, na região norte do estado, é a maior mina de ouro em funcionamento em Goiás e foi classificada como a quarta maior produtora de ouro do Brasil em 2024, de acordo com dados do Ministério de Minas e Energia (MME). A mina, que foi vendida por mais de US$ 75 milhões, está em operação há 35 anos, e produziu 80 mil onças de ouro em 2024, de acordo com o relatório anual publicado pela empresa AngloGold Ashanti, responsável pela mina.
De acordo com o Anuário Mineral Brasileiro de 2024, divulgado pela Agência Nacional de Mineração (ANM), a MSG foi a quarta maior produtora de ouro do Brasil em 2024, respondendo por 4,26% da produção nacional. Segundo o anuário, as três maiores produtoras do minério foram:
De acordo com a AngloGold Ashanti, a operação da MSG compreende três minas subterrâneas, Mina III, Mina Nova e Palmeiras, uma mina a céu aberto, a Open Pit Corpo V, e uma planta metalúrgica dedicada com capacidade anual de 1,5 milhões de toneladas, que trata todo o minério extraído. Além disso, a mina conta com mais de 1,6 mil funcionários, segundo o relatório anual de 2024 da empresa.
O pesquisador em Geociências do Serviço Geológico do Brasil (SGB), Jônatas Carneiro, informou que a região onde a mina está localizada fica em um terreno geológico muito antigo. O geólogo também explicou o motivo da grande concentração do minério em Crixás.
“A região de Crixás fica em um terreno geológico muito antigo, formado por um cinturão de rochas vulcânicas em meio a terrenos de rochas graníticas. Por conta da composição química, do metamorfismo e da idade do cinturão de rochas vulcânicas, nós geólogos os denominamos de Greenstone Belts, ou seja, cinturão de rochas verdes. Em todo o mundo esses terrenos são conhecidos pela sua fertilidade para hospedarem depósitos de ouro. Esse conjunto de rochas foi formado, há mais de 2,5 bilhões de anos, num período conhecido como Arqueano”, explica o geólogo.
Transação
A MSG foi vendida para a multinacional canadense Aura Minerals. O valor do acordo foi de US$ 76 milhões, sujeito a ajustes de capital de giro na data de fechamento, segundo a AngloGold Ashanti, multinacional sul-africana que controlava a mina.
O anúncio da venda foi divulgado no dia 2 de junho pela AngloGold Ashanti. Segundo a empresa, a venda está sujeita ao cumprimento de condições, incluindo a aprovação pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), e a expectativa é que a venda seja concluída durante o terceiro trimestre deste ano.
A Aura Minerals fica incumbida de pagar 3% sobre os retornos líquidos de fundição sobre o atual recurso mineral da MSG, incluindo sua reserva mineral. Ainda na nota divulgada, a AngloGold Ashanti destaca que todas as obrigações legais, ambientais e regulatórias da MSG serão mantidas, e que manterá as obras de descaracterização da barragem de Serra Grande até sua conclusão, que está prevista para os próximos meses.
Em nota, a Aura Minerals esclarece que a transação exclui certas subsidiárias atuais da MSG, que detêm ativos não relacionados às suas operações ou aos recursos e reservas minerais da MSG. Segundo a multinacional, essas subsidiárias serão segregadas da MSG antes do fechamento da transação.
História da mina
Segundo a empresa, a exploração teve início em 1973, com um mapeamento detalhado da área e a implantação de um programa de perfuração de diamante que durou até 1976. Em 1986, teve início a mineração na Mina III, e em 1989 a planta metalúrgica entrou em funcionamento.
Em 2006 a produção anual da mina atingiu o pico de 193 mil onças. Neste período, a AngloGold Ashanti possuía 50% da mina, e adquiriu os 50% restantes da Kinross Group em 2012.