André Valadão simula ter sido obrigado pelo TSE a se retratar a Lula; tribunal nega existir sentença
Pastor bolsonarista diz que Alexandre de Moraes determinou que ele afirmasse que o candidato do PT ‘não é a favor do aborto’; Corte, no entanto, alega que não emitiu decisão contra o religioso

O pastor bolsonarista André Valadão foi às redes sociais nesta quarta-feira, 19, encenar retratação de acusações feitas por ele contra o candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em vídeo, ele afirma que foi obrigado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a dizer que o petista “não é a favor do aborto, da descriminalização das drogas e de liberar pequenos furtos”. O religioso fala com a voz embargada e, ao final da publicação, cita a liberdade de expressão e pede que “Deus abençoe o Brasil”. Contudo, o ministro ainda não emitiu nenhuma decisão sobre o processo citado pelo pastor.
“Dias atrás, recebi em minha residência uma intimação do TSE, através do senhor Alexandre de Moraes. Venho me declarar, a partir desta intimação, dizendo que Lula não é a favor do aborto (…) Lula não é a favor, literalmente, de colocar uma regulação na mídia onde você vai perder o poder de expressar sua opinião, expressar o seu culto. É isso. Deus abençoe o Brasil”, afirma.
Popular nas redes e no meio artístico gospel, Valadão causou mobilização expressiva nas redes com o seu vídeo. Ele tem mais de 5,4 milhões de seguidores no Instagram e 1,3 milhão no Twitter.
Segundo o TSE, no entanto, ainda não houve qualquer decisão contra Valadão. A Corte apenas determinou que o pastor apresentasse a sua defesa em um processo movido pela coligação Brasil da Esperança, que abrange os partidos que compõem o palanque de Lula e do PT nestas eleições, que entrou com um pedido de direito de resposta contra Valadão. O candidato pede retratação por declarações feitas pelo pastor em suas redes sociais, associando o ex-presidente a furtos de celulares, por exemplo.
“Como se vê, por meio de tais falas, o representado tentou induzir os público em geral e os eleitores à falsa ideia de que o candidato Luiz Inácio Lula da Silva seria uma pessoa desqualificada moralmente, que defende o aborto, o uso de drogas, a prática de delitos e, não bastasse, difunde novamente a falsa narrativa de que o ex-presidente Lula irá censurar a liberdade de expressão”, diz o processo.
Na corrida eleitoral, é comum que os partidos procurem a Justiça requerendo direito de resposta contra acusações feitas pelos adversários. O presidente Jair Bolsonaro moveu ação recentemente após ter sido chamado de canibal pela propaganda eleitoral de Lula.
Em qualquer processo, o juiz responsável ouve o representado, isto é, a pessoa que está sendo acusada de cometer ilícito. Segundo o TSE, a Corte recebeu o pedido de direito de resposta e intimou Valadão a se defender. Só depois de apresentada a defesa, o ministro Alexandre de Moraes vai julgar o caso. Em resumo, o documento não pedia que o pastor gravasse vídeo recuando das acusações.