Sete PMs são indiciados por morte de quatro homens em Cavalcante
Justiça já havia decretado prisão deles

Sete policiais militares foram indiciados pela morte de quatro pessoas na região da Chapada dos Veadeiros. O caso aconteceu no último dia 20 de janeiro, em uma chácara perto de Cavalcante. A investigação ficou a cargo da Polícia Civil.
No último dia 25 de fevereiro, a Justiça já havia decretado prisão preventiva dos sete policiais. No requerimento do Ministério Público de Goiás (MPGO), enviado à Justiça, consta que “a narrativa dos fatos apresentada pelos policiais não encontra amparo nas provas documentais, periciais e testemunhais que estão no inquérito policial”.
O caso aconteceu em uma chácara situada entre os municípios de Colinas do Sul e Cavalcante, onde havia pés de maconha plantados. Quatro pessoas que estavam no local foram mortas durante uma ação policial com 58 disparos de arma de fogo.
Os policiais envolvidos na ocorrência afirmaram que foram até o local para apurar suposta denúncia de tráfico de drogas. Eles ainda informaram que encontraram, no local, grande quantidade de pés de maconha e que sete pessoas que lá estavam não obedeceram aos comandos de rendição e efetuaram disparos de arma de fogo. Os PMs teriam revidado, o que provocou a morte de quatro pessoas, enquanto outras três conseguiram fugir.
Por outro lado, segundo o MP-GO, perícia realizada pela Superintendência de Polícia Técnico-Científica encontrou apenas cinco estojos de munição no local. Na área onde ocorreu a ação, de quatro metros quadrados, foram encontradas 11 espécies de plantas, das quais quatro eram de maconha.
A morte dos quatro homens causou revolta na população local. Na mesma semana em que o crime aconteceu, moradores da Vila de São Jorge foram às ruas com faixas para pedir justiça. “Salviano, Chico, Jacaré e Alan eram conhecidos por todos da comunidade”, diz o trecho de um texto publicado no Facebook junto a um vídeo da manifestação.
“Eram pessoas de boa índole, não eram violentos, não tinham ‘passagem pela polícia’, não andavam armados. Não eram bandidos. Eram pacíficos. Morreram por causa de uma guerra insana, que condena e mata de forma seletiva uma parte da população que é preta e pobre, em verdadeiros tribunais de rua”, dizia o protesto.
A reportagem tentou contato com a Polícia Civil de Goiás, mas a assessoria de comunicação informou que não vai se manifestar sobre o caso. O AR também pediu posicionamento à Secretaria de Segurança Pública de Goiás (SSP-GO) e à Polícia Militar, e aguarda retorno.