Sem ministrar aulas na rede estadual, Ludmila Cozac recebe R$ 4.700 reais como professora
Ludmila é lotada no Colégio Estadual Rodolfo Braz de Queiroz, em Domiciano Ribeiro, mas a candidata esteve "emprestada" nos últimos anos para a Assembleia Legislativa do Estado, mesmo local onde sua filha também é servidora comicionada
Redação
A pandemia e o isolamento social, forçou uma reinvenção da carreira do professor, uma profissão que normalmente já exige bastante e que quase sempre é desvalorizada e desrespeitada, principalmente pela classe política.
Mesmo sendo comum as dificuldades diárias da categoria, existem agraciados que colhem os benefícios que a função oferece, sem contrapor com o trabalho. A cidade de Ipameri possui um caso assim, melhor dizendo, o distrito de Domiciano Ribeiro tem uma professora lotada que quase ninguém sabe que é professora.
A candidata a prefeita no município Ludmila Cozac (MDB), nunca saiu do meio acadêmico para ser política. Ao menos de sua conta bancária. A Mdbista vem recebendo salários mensais de cerca de R$ 4,7 mil, incluindo adicional por tempo de serviço, tudo de forma absolutamente regular, porém moralmente questionável por entrevistados.
Ludmila declarou em seu registro de candidatura a profissão de “produtora rural” e em vídeos divulgados nas redes sociais a candidata não diz que é servidora pública, concursada como professora da Rede Estadual de Ensino. Nem no vídeo em homenagem ao dia dos professores a candidata fez menção, se resumindo a chamar os professores de “colegas”.
Ludmila é lotada no Colégio Estadual Rodolfo Braz de Queiroz, em Domiciano Ribeiro, mas a candidata esteve “emprestada” nos últimos anos para a Assembleia Legislativa do Estado, mesmo local onde sua filha também é servidora comissionada. Amanda Cozac, de acordo a Alego deve prestar serviços no gabinete do deputado estadual Diego Sorgatto desde 2015, com salário mensal de R$ 3,5 mil, em Goiânia.
Em 2020, com o fim da cessão, a candidata se licenciou como praxe, e segue licenciada durante as eleições. Porém, mesmo com o empréstimo em anos anteriores, Ludmila não foi vista em Goiânia atuando na Assembleia Legislativa e tão pouco no distrito de Domiciano Ribeiro como professora em sala de aula.
A reportagem não conseguiu contato com a Delegacia Regional de Educação de Pires do Rio, responsável pela modulação de Ludmila em Domiciano. O diretor da Unidade Antônio Marcos Coelho disse que Ludmila atuou somente uma semana após o fim da cessão da Alego e logo se afastou. “Estou aqui desde 2017 e ela nunca deu aulas no colégio. Com exceção de uma semana esse ano, mas já estávamos no período de pandemia. Aí chegou a politica e ela se afastou novamente e não veio mais. ” disse.
Segundo informações, a possível função fantasma em Domiciano Ribeiro e também na Alego deve ser analisada pelo Ministério Público, visto que Ludmila é vista com frequência em Ipameri, e não no distrito ou Goiânia. O MP também deve ser acionado à observar se a filha da candidata presta serviços na Assembleia Legislativa nos últimos 5 anos. Ludmila mantém apoio político ao deputado estadual Diego Sorgatto (DEM) há anos, assim como ao deputado federal Célio Silveira (PSD), seus padrinhos políticos.