Presidente do BC fala em “fim do rotativo” para conter juros do cartão de crédito
Roberto Campos Neto diz que o problema do endividamento do brasileiro é o cartão de crédito
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto revelou nesta quinta-feira (10/8), os estudos do BC sobre a eliminação do sistema rotativo no pagamento com cartão de crédito. Nessa abordagem, o cliente quita apenas uma parte da fatura e financia o saldo restante para os meses subsequentes, mediante aplicação de taxas de juros.
A resposta foi dada a um questionamento do senador Eduardo Braga (MDB-AM), que expressou críticas em relação às altas taxas de juros aplicadas aos cartões.
“A gente tem 90 dias para apresentar uma solução. Está se encaminhando para que não tenha mais rotativo, que o crédito vá direto para o parcelamento e que seja uma taxa ao redor de 9%”, afirmou Campos Neto.
Além disso, o presidente do Banco Central informou que é cogitada a implementação de uma tarifa específica para desestimular o parcelamento com taxas de juros excessivamente elevadas. “O cartão de crédito representa 40% do consumo, e hoje o inadimplemento no rotativo é de 52%, não tem [caso] parecido em nenhum outro lugar do mundo. A taxa está hoje em 454%. É um grande problema”, explica o presidente.
De acordo com o presidente do Banco Central, nos últimos dois anos e meio, o número de cartões de crédito no Brasil aumentou significativamente, passando de cerca de 100 milhões para 215 milhões.
O ministro Fernando Haddad comprometeu-se, igualmente, a apresentar uma solução definitiva para esse problema em um prazo de 90 dias. “Vai cair muito [a taxa]. E mesmo assim vai continuar alta por um tempo, até a gente cumprir uma transição. Mas teremos um freio de arrumação”, disse Haddad.
Autoridades do Ministério da Fazenda têm mantido encontros com entidades do setor financeiro e representantes da indústria de varejo, para encontrar uma solução para a questão das taxas de juros praticadas no sistema de pagamento rotativo de cartões de crédito.