Polícia Militar

PM vai apurar circunstâncias de ação que acabou em morte de homem desarmado

Para representante da OAB Goiás houve despreparo e excesso da polícia, que poderia ter imobilizado suspeito com uso de arma não letal ou outros procedimentos menos violentos

Um homem foi morto por policiais militares durante uma ocorrência na manhã desta terça-feira (2/8), no setor Jardim América, em Goiânia. Segundo a PM, a equipe foi ao local ao receber a informação de que um homem estava atacando pessoas em uma rua e danificando veículos. A suspeita é de ele tenha tido um surto psicótico.

Imagens gravadas por pessoas que estavam no local registraram quando José Carlos Coimbra, 49 anos, ex-lutador de MMA, sobe na viatura da PM, pula em cima dela e quebra o retrovisor do veículo. Em seguida, ele foi para a parte traseira do veículo e partiu para cima de um dos militares, que efetuou dois disparos. Clique aqui para ver o vídeo.

Câmeras de segurança também mostram algumas cenas antes de o homem ser morto. Em um trecho da gravação, as imagens mostram o homem caindo no chão e sendo cercado por populares.

O socorro foi acionado, mas quando chegou ao local o ex-lutador já estava sem vida. Uma equipe da Delegacia Estadual de Investigação de Homicídios (DIH) esteve no local e os agentes confirmaram a versão apresentada pelos PMs.

Por meio de uma nota, a Polícia Militar disse  que o homem apresentava um comportamento agressivo e os policiais tiveram que reagir para resguardar a própria vida e de terceiros. 

“A Polícia Militar foi acionada para atender uma ocorrência em que um homem muito agressivo estaria atacando pessoas e causando danos em veículos. A despeito da veiculação de que o homem já estaria amarrado por civis, esclarecemos que conforme relato dos policiais e imagens do fato, verifica-se que no momento da abordagem o agressor não estava amarrado, demostrando um comportamento incontrolável e violento, desconsiderando toda e qualquer ordem realizada pelos policiais na tentativa de controlar a situação”, diz um trecho da nota da PM.

A PM afirmou também que vai apurar as circunstâncias do fato.

Representante da OAB afirma que houve despreparo da polícia durante a ocorrência

De acordo com o advogado criminalista e coordenador da subcomissão dos Direitos Humanos para o sistema prisional da OAB Goiás, Marcelo Bareato, a legislação exige que o policial só atire em último caso e deve ser em alguma parte do corpo que não seja letal.

“Se você me diz que tem alguém com surto psicótico, que essa pessoa não está armada e que ela vem pra cima de um policial, o policial pode tentar uma imobilização, ele é treinado pra isso, e não precisa sequer sacar a arma ou ele pode, por exemplo, sacar a arma e dar um tiro na perna, no pé e imobilizar essa pessoa” afirma Marcelo Bareato. 

O advogado criminalista também ressalta a importância de estabelecer consequências ao policial que agir com despreparo.

“De qualquer forma, se o policial fizer o uso letal, se ele atirar para matar, ele deve receber voz de prisão no mesmo ato – prisão em flagrante -, deve ser retirada a sua arma, ele deve ser apresentado a um juíz e esse juíz então pode relaxar a prisão e determinar que esse policial fique à disposição de forma administrativa até o final do julgamento”, finaliza Bareato.

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