Racismo

PM afasta policial que aparece em vídeo prendendo africano ao grito de ‘vai gritar Lula lá na África’

Homem negro foi preso no domingo de eleição pela PM, e ação foi gravada. Ministério Público investiga o caso; homem negou fazer boca de urna

O comando da Polícia Militar (PM) afastou das ruas o policial que aparece em um vídeo prendendo um africano, de 32 anos, sob grito de “vai gritar Lula lá na África”. A ação aconteceu no último domingo (2) em Novo Gama, no Entorno do Distrito Federal, e foi gravada (assista acima). O Ministério Público (MP) investiga o caso.

As imagens foram publicadas nas redes sociais do jornalista André Caramante. No vídeo, o homem aparece sem camisa sendo algemado. Durante a abordagem, é possível ouvir a frase “vai gritar Lula lá na África agora”. Na sequência, um outro homem diz que o homem estaria sendo preso por ser apoiador do Lula.

Segundo a polícia, o homem negro foi algemado e preso porque estaria próximo a uma seção eleitoral supostamente fazendo boca de urna para o candidato Lula, do PT. O g1 apurou que o homem chegou a ser levado à polícia, mas, por não portar materiais eleitorais, foi liberado.

O africano negou que estava fazendo boca de urna. Segundo ele, que preferiu não se identificar, estava em um churrasco no quintal de casa quando foi detido por declarar apoio ao candidato do PT.

“Eu acordei de manhã, estava sem camisa, sem sapato. Eu estava na minha casa com meus amigos, fazendo churrasco. Eu sou apoiador do Lula, mas ninguém tem o direito de vir na minha casa para me prender porque eu quero que o Lula ganhe”, disse.

A corporação disse em nota que o militar vai ficar afastado de suas atividades operacionais até o final das apurações. Além disso, o comando abriu um procedimento administrativo para apurar a circunstância do caso. A PM informou que “não compactua com nenhum tipo de conduta contrária aos preceitos das leis”.

Após as imagens circularem nas redes sociais, o Ministério Público (MP) pediu à Polícia Militar explicações e as identidades dos envolvidos, além de instaurar um procedimento para investigar o fato. O MP disse ainda que repudia e atua em diversas frentes no combate ao racismo.

O Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE-GO) informou nesta sexta-feira (7) que não há ocorrência registrada no órgão por suposto crime eleitoral cometido pelo africano.

PT se manifestou sobre o caso

Em nota, a presidente do Partido dos Trabalhadores de Goiás (PT), Kátia Maria, se posicionou sobre o caso. No documento, disse que “as imagens mostram cenas de racismo e violência política”. O partido ainda informou que advogados vão acionar a corregedoria da PM e da Guarda Municipal de Novo Gama para apurar o caso.

“Não vamos permitir intimidação, perseguição política e policial aos apoiadores do Lula em Goiás. Vivemos num estado democrático de direito e exigimos respeito à liberdade de escolha e expressão da população”, diz a nota.

O partido ainda informou que vai acionar o governador Ronaldo Caiado (União Brasil) pedindo a apuração, punição dos envolvidos e a orientação da corporação para evitar novos casos.

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