Gravado, Bolsonaro articula a derrubada do Delegado Waldir da liderança do PSL
"Falta uma assinatura para gente tirar o líder e colocar outro". Momentos depois, Eduardo Bolsonaro assumiu o posto antes ocupado pelo goiano.
O presidente da República Jair Bolsonaro (PSL), que tem protagonizado uma série de desentendimentos com a legenda nas últimas semanas, principalmente por meio da figura do presidente Luciano Bivar, foi gravado em áudio promovendo articulação para derrubada do líder do partido na Câmara dos Deputados, o parlamentar goiano Delegado Waldir. Na gravação, Bolsonaro comenta que há poucas assinaturas restantes para remover o político – segundo o qual é “muito instável” – do cargo. A gravação foi obtida com exclusividade pela Revista Época. Waldir acabou deposto para a entrada de Eduardo Bolsonaro.
Jair ressalta ao interlocutor desconhecido que tinha 26 de 27 assinaturas para realização da empreitada. “Entrando outro agora, dezembro tem eleições para o futuro líder. A maneira como tá, que poder tem na mão o atual presidente, o líder aí? O poder de indicar pessoas, de arranjar cargos no partido, promessa para fundo eleitoral por ocasião das eleições, é isso que os caras tem. Mas você sabe que o humor desses caras de uma hora para outra muda”, afirmou.
Na gravação, Bolsonaro ressalta que não está confortável com a medida, mas que a considera necessária. “Numa boa, porque é uma medida legal… Eu nunca fui favorável à lista, sou favorável à eleição direta, mas no momento não tem outra alternativa, só tem a lista. O presidente da república afirma ainda ter ligado para colegas de Waldir, insatisfeitos com a atuação do parlamentar. Continua o presidente no áudio: “aqui tem 25 [assinaturas], já falei com o [deputado General] Peternelli, vou ligar para outras pessoas. Até quem sabe que passe aí de uns números… Se fechar agora, já tem o suficiente”. De acordo com a Época, as gravações foram feitas de maneira oculta, no Palácio do Planalto na quarta-feira (16).
Waldir afirmou nesta semana que a legenda não irá expulsar políticos que aderiram ao partido estimulados por Jair. Caso estes saiam do partido por conta própria, podem estar sujeitos à perda de mandato, se uma justificativa plausível não seja apresentada. O alvoroço é causado pela intenção de Jair Bolsonaro em deixar a sigla, que tem sido alvo de investigações sobre candidaturas-laranja durante as eleições. Seguidores de Bolsonaro tem defendido a realização de auditoria no partido e afastamento do atual presidente Luciano Bivar.