Debate sobre uso estratégico da IA marca 1º dia do Intermídias 2024
Congresso segue até sábado (29) em Goiânia
AI washing, Chatbots, ChatGPT, Deep Learning, DALL-E, ElevenLabs e afins. Os termos, que, cada vez mais, permeiam (e floreiam) o discurso de quem trabalha com comunicação, podem não significar absolutamente nada (pelo menos, na prática) caso o profissional não seja estratégico ao usar a inteligência artificial no ambiente de negócios. O alerta marcou o primeiro dia do Congresso e Feira Internacional de Comunicação, Informação e Marketing (Intermídias) 2024. Em sua 11ª edição, a convenção, que começou nesta quinta-feira (26/9) e tem entrada franca, ocupa, até sábado (28/9), o são de eventos da Fecomércio-GO, na Avenida 136, em Goiânia.
A ideia, segundo Mariana Dalcin, coordenadora da iniciativa, é conectar profissionais e estudantes de marketing, comunicação, jornalismo, publicidade e relações públicas. Para isso, especialistas de renome se intercalam em palestras, debates e painéis, discutindo tendências que estão revolucionando o mercado e comentando como essas transformações impactam o dia a dia de quem vive do ramo. Tudo costurado pela temática central deste ano: inteligência artificial e inovação.
Nesta quinta-feira (26/9), por exemplo, estiveram no centro do debate temas como os impactos da ferramenta na publicidade, nas campanhas eleitorais e no futuro da comunicação. Com a casa cheia, Dalcin recebeu o público e explicou a escolha do tema. “Foi por conta do cenário atual. Até o ano passado, tanto no marketing quanto na comunicação, havia um certo receio. Agora, em 2024, esse medo diminuiu, e as pessoas estão mais focadas em aproveitar a IA para seu benefício”.
Ela mediou o primeiro painel e pode compartilhar com o público um pouco da sua experiência como diretora executiva da 4est Marketing e Branding. Ao lado de Dalcin, Henrique Ramos, do Escritório Lucid, e Pedro Carneiro, da Stylus Propaganda, falaram sobre os impactos da IA na publicidade. “Resumindo bem, podemos falar que as grandes mudanças foram o aumento substancial da entrega da produção – tanto de peças criativas quanto de conteúdos, e a agilidade dos processos – tanto de gerenciamento de projetos quanto do dia a dia burocrático das agências”, opina Carneiro.
Pedro lembra que, ao mesmo tempo em que a IA trouxe uma evolução qualitativa para a área da comunicação, ela também facilitou o acesso dos profissionais às suas ferramentas, o que acaba igualando a realidade goiana a cenários mais representativos, como o eixo Rio-SãoPaulo. “O que segue sendo um desafio é o alcance aos orçamentos dos grandes mercados. Primazia, competência e expertise nós já alcançamos. O que falta é oportunidade.”
Engajamento
Na opinião de Henrique Ramos, independente da região onde o profissional atua, muitas vezes, falta também mais engajamento. “Ao mesmo tempo em que temos uma difusão muito grande da IA, temos também muita gente que usa a ferramenta da forma superficial e ainda acha que se trata de um grande facilitador. Já trabalhei com gestores de conteúdo, por exemplo, que não se davam ao trabalho de revisar o que era produzido pelo ChatGPT. Entregava o trabalho de um mês em meia hora, porém, sem nenhuma qualidade”, recorda.
Ele acredita que a mudança de cenário será resultado de um processo educacional, o que vai demandar, além de tempo, engajamento por parte dos profissionais. “Não é suficiente entregar o básico. É preciso se aprofundar na ferramenta, na estratégia, na entrega, na parte de inteligência humana.”
Aproximação
O segundo debate da noite reuniu o consultor em marketing político; Marcus Vinicius Queiroz, o analista político; Marcos Marinho; e o jornalista Vassil Oliveira. Em pauta, as fake news e o impacto da IA nas campanhas eleitorais. Discussão mais que atual, visto que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) regulamentou, em fevereiro passado, de maneira inédita, o uso da ferramenta na propaganda de partidos, coligações, federações partidárias, candidatas e candidatos nas disputas municipais de 2024. A medida foi tomada pela Corte ao aprovar 12 resoluções, relatadas pela vice-presidente do TSE, ministra Cármen Lúcia, que disciplinam as regras que serão aplicadas no processo de escolha de prefeitos e vereadores.
Para Marcos Marinho, jogar luz sob o tema é, além de muito importante, um divisor de águas para quem trabalha com o tema. “Marketing político é totalmente diferente de marketing tradicional. Trata-se de um mercado que carrega condigo uma demanda negativa. Por isso, a IA é uma ferramenta valiosa no processo de aproximação e conquista de voto. Ela não vai mudar, porém, quem é, o que faz e como pensa o eleitor. E mais importante: ela não substitui o corpo a corpo da rua.”
O contato direto com o público, na opinião de Marinho, deve orientar toda a construção da campanha, colocando a IA num papel de apoio e não de protagonismo. “O profissional que só opera a ferramenta vai desaparecer. Cada vez mais o espaço é de quem pensa o processo, entende o que está acontecendo, olha o cenário e enxerga além do óbvio”, defende.
Fechando a noite, Eduardo Bueno, da Agência Resense, falou sobre a mídia programática e o futuro da comunicação.
Expectativas
Segundo a coordenadora do Intermídias, Mariana Dalcin, uma das grandes surpresas desta edição do evento foi a diversidade do público. “Temos empreendedores, pequenos empresários e os profissionais da área da comunicação – tanto jornalistas quanto publicitários e o pessoal do marketing. Além disso, diferente dos outros anos, estamos recebendo um número maior de profissionais, em detrimento de estudantes. É uma galera mais velha, mais experiente e bastante interessada nas tendências do mercado.”
Ela lembra que a ideia do evento, que traz o jornal A Redação como parceiro e veículo de imprensa oficial, é “trazer informação de qualidade para que as pessoas tenham acesso a conteúdos bons, técnicos, para que possam adotar essas estratégias, tanto de inovação quanto de inteligência artificial, dentro do dia a dia”.
Destaques
Um dos destaques dos outros dias de evento será o painel relevante será “Freelas profissionais: não quero ser CLT”, que trará à tona a mudança cultural no mercado de comunicação, com profissionais que optaram pelo modelo freelancer. “Queremos desmistificar o que é ser freelancer e PJ, começar uma conscientização porque realmente o mercado hoje pratica o PJ que tem que cumprir horário e usar uniforme”, diz Dalcin.
“Os empresários têm ainda esse preconceito de que se o ‘meu criativo’ não estiver aqui dentro da agência, eu não controlo a situação, quando, na verdade, inclusive por meio da IA, já temos ferramentas no mercado que você consegue saber tudo que a equipe está fazendo e ela pode estar em outro planeta. Não precisa estar dentro do escritório”, completa ao destacar que é possível ter uma rotina produtiva e viável.
Saúde mental em pauta
Pela primeira vez, o Intermídias trará um painel sobre saúde mental no ambiente de trabalho. “Saúde mental: trabalho que nunca acaba” abordará temas como ansiedade, depressão, assédio moral e burnout, com a participação de uma psicóloga e empresária. “Ela vai dar o ponto de vista dela enquanto psicóloga, como ela lida com esses pacientes que ela tem no consultório, e também enquanto empresária porque ela tem uma rotina de trabalho que nunca acaba. Fica 24 horas pensando no trabalho, com o celular na mão”, antecipa. “A verdade é que os profissionais, principalmente de comunicação, estão saturados: de informação, de trabalho, você nunca desliga. Não existe mais prazo: as demandas não param de chegar e elas são para agora”, completa.
O painel também tratará de mudanças que podem ser feitas nas empresas para criar um ambiente de trabalho mais saudável e ensinará a reconhecer sinais de que é hora de buscar ajuda profissional. “Os casos de burnout na comunicação têm aumentado, e nosso objetivo é mostrar que é possível trabalhar de forma saudável e equilibrada”, conclui Mariana.
Confira programação dos próximos dias do Intermídias 2024:
SEXTA – 27/9 | 8h às 18h
8h: ABERTURA + NETWORKING
9h: Talk Fecomércio Jovem: Estratégias para empreender com IA
Painelistas: Ciro Rocha (Enredo Branding), Celso Camilo (Professor UFG)
Mediação: Emerson Tokarski
10h: Palestra Magna com Nelson Neto (DF), Diretor de Rádio Difusão Privada da Secretaria de Comunicação Social Eletrônica do Ministério das Comunicações
Tema: TV 3.0
11h: Painel Mídia OOH: Novas tecnologias e oportunidades de compra
Painelistas: Guilherme Araújo (Capital Mídias), Mauro Chemale (Kallas Mídia OOH), Fabiano Castro (Fênix Painéis)
Mediação: Iuri Godinho
14h: Painel de Gerentes de Marketing
Painelistas: Ayane Santos (Goiânia Shopping), José Neto (Fujioka), Ludmila Amaral (Opus Incorporadora), Mayra Guerreiro (Unimed Goiânia),
Mediação: Ana Paula Ramos (Kasane Comunicação Corporativa)
15h: Painel Freelas profissionais: não quero ser CLT
Painelistas: Patrícia Barcelos e Guilherme Gondim
Mediação: Diego Jacob (Professor PHD)
16h: Palestra Magna com Lisiane Campos, Diretora de Comunicação do Grupo Piracanjuba
Tema: Marcas de Valor: Construção de confiança e legado
17h: Workshop Desaprenda: esqueça as respostas prontas
Palestrante: Sussy Côrtes (Especialista em Branding Storytelling)
SÁBADO – 28/9 | 8h às 12h
8h: ABERTURA + NETWORKING
9h: Painel Saúde Mental: Como lidar com o trabalho que nunca acaba?
Painelistas: Daiana Karine (Psicóloga e empresária), Gabriel Freitas (Estrategista de Posicionamento que já teve um burnout), Patrícia Barcelos (Co-autora do livro Gestão das Emoções no Ambiente Corpotativo)
Mediação: Mariana Dalcin
10h: Palestra com Nayara Tavares, Gerente regional da Raizen, representante da Shell no Brasil
Tema: Liderança 4.0: Inovação que transforma
11h: Painel Influenciadores e IA: Oportunidades e ameaças
Painelistas: Gabriel Marques Goulart (@gabessmarques 605k) e Alexandre Suita (@alexandresuita 358k)
Mediação: Flávia Veríssimo (Especialista em Marketing de Influência)