Catalão

Catalão a caminho de ser a capital brasileira das terras raras

Cidade goiana terá investimentos do Governo do Estado para construção de um centro de excelência em pesquisas sobre os elementos químicos cobiçados pelo mundo

Catalão já é referência mundial pelos minerais extraídos, beneficiados e exportados para diversos países. Agora, uma nova transformação promete reposicionar o município no mapa da inovação tecnológica. Se antes a cidade era lembrada sobretudo pela produção de nióbio e rocha fosfática, o desafio agora é consolidar um centro avançado de pesquisas em terras raras — grupo de elementos químicos usados na confecção de aparelhos celulares, na construção de motores automotivos e turbinas eólicas, além de serem imprescindíveis para a indústria bélica.

O primeiro passo para ser referência foi dado. No aniversário de 166 anos da cidade, comemorado no dia 20 de agosto, o vice-governador do Estado, Daniel Vilela, anunciou um presente para os catalanos: a criação de um centro de excelência em terras raras, em parceria com a Universidade Federal de Catalão (UFCat). A notícia animou pesquisadores e colocou o município ainda mais em evidência na mídia.

Catalão possui a segunda maior reserva conhecida desses elementos no mundo, atrás apenas do território chinês. Os minerais encontrados na região são classificados como terras raras leves, segundo a Tabela Periódica, com destaque para cério, lantânio, neodímio e praseodímio. No total, são 17 elementos químicos que compõem o grupo das terras raras — Catalão até possui os outros 13, mas em teores baixos, o que atualmente não compensa o investimento financeiro para beneficiá-los.

Para a implantação do Centro de Pesquisa em Processamento Mineral (CPPMin), foi apresentado aos governos estadual e federal um orçamento de R$ 15 milhões para a aquisição de cinco equipamentos de ponta, inexistentes fora da capital Goiânia. O centro de pesquisa não será exclusivo da universidade nem de empresas privadas. Pelo contrário, estará aberto à comunidade científica e empresarial, podendo até analisar amostras vindas de outros países — como uma peça mineral do Peru que já chegou a Catalão para estudo.

(Foto: Reprodução/Prefeitura de Catalão)

O prefeito de Catalão, Velomar Rios, conversou com André Carlos e Elenice Schons, professores e doutores da UFCat. O casal está à frente das pesquisas na universidade e também percorre o Brasil e o mundo em busca de investimentos para a cidade. “Agora, vocês encontraram mais um parceiro. Vamos ajudar nesse aparato para a busca do fomento para o Centro de Excelência”, disse Velomar, após receber informações dos pesquisadores sobre terras raras e a corrida global pelos minerais críticos e estratégicos.

Com investimentos, pesquisa e política pública para o setor, o prefeito acredita em um futuro em que a cidade não será lembrada apenas como exportadora de produto — a exemplo do nióbio atualmente —, mas também como polo tecnológico e de inovação em mineração sustentável.

Ao contrário da opinião de que a CMOC, instalada em Catalão, apenas extrai os minerais e envia para outros países, André aponta que há aí um erro de informação. A empresa também realiza a verticalização da produção, com a metalurgia do nióbio, na qual transforma o minério em produto de alto valor agregado: a liga ferro-nióbio, destinada à exportação.
A ambição agora é repetir o modelo com as terras raras. “Queremos não só fabricar o produto, mas também vender o serviço”, explica André, satisfeito em ganhar o apoio do prefeito Velomar para trabalhar com o objetivo de trazer mais investidores para a cidade. “A visão é clara: atrair empresas interessadas em tecnologia mineral, fomentar e fortalecer a capacidade de inovação.”

(Foto: Reprodução/Prefeitura de Catalão)

Há 13 anos, os professores atuam no Laboratório de Modelamento e Pesquisa em Processamento Mineral (LaMPPMin) da UFCat, hoje referência na América Latina em desenvolvimento de rotas de processamento e análises de minerais, já procurado por pesquisadores americanos e europeus.

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