Candidatos em Goiânia retomam promessa de hospital previsto desde 2018
Demanda já consta no Plano Municipal de Saúde
A promessa de construção de um hospital municipal em Goiânia, amplamente citada pelos candidatos à prefeitura, não é nova. Essa demanda já consta no Plano Municipal de Saúde (PMS) desde 2018 e foi reforçada no plano vigente entre 2022 e 2025. No entanto, apesar da diretriz, a ausência de um hospital público que atenda de forma eficiente as necessidades da população segue sendo uma realidade na capital.
A criação de um hospital municipal é vista como uma solução para reduzir a dependência da rede privada e enfrentar a crescente demanda por serviços de saúde. Atualmente, Goiânia depende da compra de leitos em hospitais particulares e da disponibilidade de vagas em hospitais estaduais, que também atendem pacientes de todo o estado de Goiás. Esse cenário sobrecarrega o sistema e gera longas filas de espera tanto para procedimentos eletivos quanto para atendimentos de urgência. A falta de um hospital municipal capaz de absorver parte dessa demanda intensifica a pressão sobre a saúde pública em Goiânia.
Para Néia Vieira, presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Sistema Único de Saúde em Goiás (Sindsaúde-GO), a construção de um hospital municipal é essencial para resolver a crise da saúde na capital. Ela ressalta que a dependência da rede privada cria vulnerabilidades, pois a cidade precisa negociar com hospitais particulares para garantir vagas em procedimentos de maior complexidade.
“Goiânia não tem hospital próprio e, por isso, precisa comprar leitos e serviços da rede privada, muitas vezes a preços de mercado. Isso limita a capacidade de negociação e gera longas filas para procedimentos eletivos e atendimentos de urgência”, explicou Néia.
Ela também destaca a importância de leitos de retaguarda, essenciais para pacientes que necessitam de cirurgias eletivas, que, embora não sejam emergenciais, exigem atendimento adequado.
A reportagem conversou com integrantes do Conselho Municipal de Saúde. Com receio de represálias em pleno período eleitoral, preferiram não se identificar. Para um dos membros, a criação de um hospital municipal está diretamente relacionada ao modelo de atenção à saúde proposto pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo ele, o SUS foi criado para focar na prevenção e promoção da saúde, evitando a necessidade de cuidados hospitalares mais complexos.
Contudo, ele admite que, além da atenção primária, é fundamental o investimento em hospitais para atender às demandas secundárias e terciárias. “Precisamos de estudos aprofundados para decidir se a demanda de Goiânia seria melhor atendida por um hospital geral ou por policlínicas especializadas”, ponderou.
As promessas
Mesmo diante da previsão de construção de um hospital municipal nos planos de saúde da cidade desde 2018, os candidatos ao cargo de prefeito de Goiânia apresentam propostas variadas em relação a essa questão. Adriana Accorsi (PT), candidata do Partido dos Trabalhadores, afirmou que pretende construir um Hospital Geral Municipal e já conta com o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do mesmo partido dela, para garantir os recursos necessários, tanto para a construção quanto para a manutenção da unidade.
Já Fred Rodrigues (PL) propôs a criação de um hospital municipal por meio de parcerias com instituições já existentes, como a Santa Casa de Misericórdia de Goiânia, evitando a construção de uma nova unidade, mas utilizando a estrutura disponível para ampliar o atendimento à população. Matheus Ribeiro (PSDB) e Professor Pantaleão (UP) não mencionam a construção de um hospital municipal em seus planos de governo.
Da mesma forma, Rogério Cruz (Solidariedade), atual prefeito de Goiânia, apesar de ter herdado a promessa de construção do hospital municipal de Maguito Vilela na campanha de 2020, não construiu a unidade e nem incluiu a proposta em seu plano atual, mesmo com a previsão dessa obra no Plano Municipal de Saúde anterior a sua gestão.
Mal avaliado em pesquisas eleitorais, o candidato foi procurado na última quarta-feira (4), pela reportagem do jornal A Redação durante uma agenda de rua na Vila Redenção, mas recusou-se a dar entrevista. Ele alegou que havia pouco tempo para realizar a caminhada e, por esse motivo, não conversaria com a equipe.
Vanderlan Cardoso (PSD), em entrevista ao jornal A Redação, disse que pretende construir um hospital municipal e considera parcerias com a iniciativa privada uma opção viável para ampliar o atendimento de saúde na capital. “Agora, Goiânia não pode mais ficar sem nenhum hospital. Isso não quer dizer que nós não vamos ter parceria com a iniciativa privada, vamos fazer essas parcerias”, declarou o candidato.
Já o prefeitável Sandro Mabel (União Brasil) afirma que pretende implantar um Hospital Geral Municipal em Goiânia, sem detalhar como a proposta será concretizada.
O Plano Municipal de Saúde
O Plano Municipal de Saúde (PMS) é o documento que orienta as ações e os investimentos da gestão pública na área da saúde. Ele é criado com base nas necessidades da população e serve como guia para todas as políticas e programas desenvolvidos no município ao longo de quatro anos. O PMS define as diretrizes, metas e ações que devem ser seguidas pela gestão municipal e é uma exigência legal para a aplicação dos recursos do Sistema Único de Saúde (SUS).
O plano é elaborado de forma participativa, contando com a colaboração de diferentes setores da sociedade e das recomendações feitas na Conferência Municipal de Saúde. Após a elaboração, o documento precisa ser aprovado pelo Conselho Municipal de Saúde, que acompanha sua implementação. O PMS é o principal instrumento de planejamento do setor de saúde no município, e sua execução deve garantir que as necessidades da população sejam atendidas de forma eficiente e transparente.