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Bolsonaro endossa ato pró-intervenção militar e provoca reações

Presidente participou de protesto contra o Congresso em Brasília no dia em que mortes pelo coronavírus passaram de 2.400. Especialistas veem crime de responsabilidade e contra a saúde pública

Redação

Enquanto a pandemia de coronavírus avança no Brasil, com a confirmação de 38.654 casos e ao menos 2.462 mortes, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) participou no fim de semana de atos que criticam tanto medidas de isolamento social, decretadas por Estados e orientadas pelo próprio Ministério da Saúde, quanto os Poderes da República.

Neste domingo, um dia depois de ter cumprimentado manifestantes que se aglomeravam em frente ao Palácio da Alvorada, o presidente foi até a sede do Exército em Brasília e discursou para um grupo de defendia a intervenção militar no Brasil. Atos semelhantes, como carreatas e buzinaços, foram convocados em outras cidades e provocaram imediata resposta no mundo político.

Ministros do Supremo Tribunal Federal, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e governadores criticaram de maneira mais ou menos explícita o presidente, elevando a temperatura da crise que isola o Planalto. Em iniciativa inédita, 20 governadores divulgaram manifesto em desagravo ao Congresso e repúdio a ataques feitos por Bolsonaro à Câmara e ao Senado na semana que passou.

“Nós não queremos negociar nada. Nós queremos ação pelo Brasil”, afirmou o presidente, sob aplausos, buzinaço e gritos de “mito” e “a nossa bandeira jamais será vermelha”. “Eu estou aqui porque acredito em vocês. Vocês estão aqui porque acreditam no Brasil”, declarou. Parte dos manifestantes presentes levantava faixas com menção ao AI-5, ato institucional considerado o mais duro da ditadura militar (1964-1985) e que permitia o fechamento do Congresso e a suspensão dos direitos políticos dos cidadãos.

Políticos e especialistas em direito viram na atuação de Bolsonaro indícios de crime de responsabilidade, que pode levar à perda do cargo. Dois ministros do Supremo criticaram os protestos em declarações nas redes sociais. Para o ministro Gilmar Mendes, “invocar o AI-5 e a volta da ditadura é rasgar o compromisso com a Constituição e com a ordem democrática”, afirmou. “A crise do coronavírus só vai ser superada com responsabilidade política, união de todos e solidariedade”.

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