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Filme “Marighella” é censurado e tem lançamento cancelado no Brasil

Em meio ao cerceamento do governo na Ancine, "Marighella", de Wagner Moura, tem estreia cancelada. A data do lançamento marcaria tanto o mês em que se completam cinquenta anos do assassinato de Carlos Marighella quanto o dia da Consciência Negra

Em nota, a produtora O2 Filmes informou que a estreia do longa, prevista inicialmente para o dia 20 de novembro, foi cancelada porque os realizadores não conseguiram “cumprir os trâmites” exigidos pela Agência Nacional de Cinema (Ancine). A data escolhida inicialmente para o lançamento marcaria tanto o mês em que se completam cinquenta anos do assassinato de Carlos Marighella quanto o dia da Consciência Negra.

As verbas para a produção e comercialização do filme vêm do Fundo Setorial Audiovisual (FSA), administrado pela Ancine. A distribuição é da Paris Filmes. Recentemente, a agência já havia negado dois pedidos da produtora O2 Filmes referentes à “Marighella”. O primeiro dizia respeito ao reembolso de parte do dinheiro investido na produção do longa, no valor de R$ 1 milhão. O segundo pedia adiantamento de verbas de comercialização, referentes justamente ao lançamento do filme.

Trailer do filme “Marighella”, dirigido por Wagner Moura, que teve seu lançamento adiado indefinidamente no Brasil.

“É impossível não pensar que existe uma articulação política para criar esse tipo de ambiente”, disse o diretor Wagner Moura à revista Época na ocasião. Ele já previa, então, que a negativa da Agência poderia atrapalhar a estreia do filme. Ao jornal O Globo, a O2 responsabilizou a demora da Ancine em ratificar o repasse de verbas do FSA.

Controle

Desde o início do mandato, Jair Bolsonaro (PSL) vem declarando recorrentemente que pretende ampliar o controle sobre as produções audiovisuais brasileiras apoiadas pela Ancine. Nesta terça-feira (10), Bolsonaro afastou o presidente da agência, Christian de Castro, e outros quatro servidores.

“É Bíblia embaixo do braço e que saiba 200 versículos da Bíblia”, disse o presidente, ao jornal Valor Econômico, sobre a busca do perfil do substituto para assumir a Ancine. As declarações foram feitas à jornalistas no Quartel General do Exército, em Brasília.

A Agência tem orçamento anual de quase R$ 1 bilhão, e o setor do audiovisual movimenta anualmente R$ 25 bilhões. Para o ano que vem, de acordo com a proposta orçamentária encaminhada pelo Executivo ao Congresso, pode haver um corte de 43%, reduzindo a verba do FSA, gerido pela Ancine. Os recursos previsto para o Fundo em 2020 somam R$ 415,3 milhões.

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