Terceirizado da Equatorial é demitido após pedir laudo sobre acidente sofrido durante serviço em poste, em Anápolis
Advogado do técnico demitido afirma que tanto a distribuidora quanto a empresa terceirizada podem ser acionadas nas esferas cível e trabalhista
Na noite de 16 de março deste ano, o eletrotécnico Charlysson Cirio Barbosa Ramos, de 25 anos, trabalhava na reparação de um poste no bairro Jundiaí, em Anápolis, quando sofreu um choque elétrico durante aproximadamente 30 segundos. Funcionário da Dínamo Engenharia, empresa que presta serviços para a Equatorial Energia, ele conta que a descarga aconteceu por causa de uma falha de comunicação na central da Equatorial, que religou a energia enquanto ele ainda estava no poste.
O profissional ficou 10 dias afastado e retornou ao serviço após liberação médica. Mas, três dias depois de solicitar o laudo pericial do acidente, o que foi feito em 11 de julho de 2024, ele foi demitido sem justa causa. “Além de me negarem o documento, me tiraram o sustento da minha família. Disseram que foi uma decisão interna e que não me dariam a informação do motivo”, relata Charlysson.
A falta de transparência da empresa obrigou o ex-funcionário a ir à Justiça para obter acesso à perícia. “A postura da empresa causa estranheza e já é, por si só, uma confissão de culpa. Nos vimos obrigados a acionar a Justiça para obter acesso a documento que é direito da vítima”, disse Gabriel Fonseca, do Celso Cândido de Souza Advogados.
O advogado menciona que a Equatorial e a Dínamo Engenharia podem ser acionadas tanto na esfera cível, por terem dado causa ao acidente e serem condenadas por danos morais e materiais, quanto na esfera trabalhista. “Foi uma demissão arbitrária, sem qualquer motivo aparente, uma vez que Charlysson era um ótimo funcionário. Possivelmente o demitiram porque ele estava buscando seus direitos”, acrescenta Gabriel.
Desde o acidente, Charlysson tem relatado falta de apoio por parte da Equatorial. “Em nenhum momento a Equatorial me procurou para oferecer auxílio ou saber como eu estava”, conta o técnico. Ele conta que sofreu um corte profundo na palma da mão, que ficou extremamente sensível após o acidente. Além disso, ainda vive o trauma da situação.
“Psicologicamente estou cansado, traumatizado com a situação e com as pessoas. Desde o acidente até hoje não tive sossego mental, foram perícias, oitivas, reuniões, e no final uma demissão que me deixa preocupado em como sustentar minha família. Às vezes, dormindo, tenho sonhos levando choque, acordo tremendo, tenho insônia e minha mão ficou com uma sensibilidade horrível”, desabafa o técnico.